quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fugir não é o melhor caminho...

Como é fácil ser difícil. Basta ficar longe dos outros e, desta maneira, não vamos sofrer nunca.
Não vamos correr os riscos do amor, das decepções, dos sonhos frustrados.
Como é fácil ser difícil. Não precisamos nos preocupar com telefonemas que precisam ser dados, com pessoas que pedem nossa ajuda, com a caridade que é necessário fazer.
Como é fácil ser difícil. Basta fingir que estamos numa torre de marfim, que jamais derramamos uma lágrima.
Basta passar o resto de nossa existência representando um papel.
Como é fácil ser difícil. Basta abrir mão do que existe de melhor na vida.

A trilha...


Um dia, um bezerro precisou atravessar uma floresta virgem para voltar a seu pasto. Sendo animal irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subindo e descendo colinas.

No dia seguinte, um cão que passava por ali, usou essa mesma trilha para atravessar a floresta. Depois foi a vez de um carneiro, líder de um rebanho, que vendo o espaço já aberto, fez seus companheiros seguirem por ali.

Mais tarde, os homens começaram a usar esse caminho: entravam e saíam, viravam à direita, à esquerda, abaixavam-se desviavam-se de obstáculos, reclamando e praguejando – com toda razão.

Mas não faziam nada para criar uma nova alternativa.

Depois de tanto uso, a trilha acabou virando uma estradinha onde os pobres animais se cansavam sob cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer em três horas uma distância que poderia ser vencida em 30 minutos, caso não seguissem o caminho aberto por um bezerro.

Muitos anos se passaram e a estradinha tornou-se a rua principal de um vilarejo, e posteriormente a avenida principal de uma cidade. Todos reclamavam do trânsito, porque o trajeto era o pior possível.

Enquanto isso, a velha e sábia floresta ria, ao ver que os homens tem a tendência de seguir como cegos o caminho que já está aberto, sem nunca se perguntarem se aquela é a melhor escolha.

O pato e a gata...

- Como o senhor entrou na vida espiritual? – perguntou um dos discípulos ao mestre sufi Shams Tabrizi.

- Minha mãe dizia que eu não era bastante louco para ser internado num hospício, nem bastante santo para entrar num mosteiro – respondeu Tabrizi. – Então resolvi me dedicar ao sufismo, onde aprendemos através da meditação livre.

- E como explicou isso a sua mãe?

- Com a seguinte fábula: alguém colocou um patinho para que uma gata tomasse conta. Ele seguia sua mãe adotiva por toda parte – até que, um dia, os dois foram parar diante de um lago. Imediatamente, o patinho entrou na água, enquanto a gata gritava da margem: “Saia daí! Você vai morrer afogado!” E o patinho respondeu: “não, mamãe, descobri o que me faz bem, e sei que estou no meu ambiente. Vou continuar aqui, mesmo que a senhora não saiba o que significa um lago.”

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Liberdade de Escolha...

Carlos Castañeda diz: “o grande poder do ser humano está na sua capacidade de tomar decisões”. Cada decisão que tomamos nos permite modificar o futuro e o passado.

Escolher, porém, significa comprometer-se. Quando alguém faz uma escolha, deve lembrar-se que o caminho a ser percorrido vai ser muito diferente do caminho imaginado.

Escolher significa: “bem, eu sei onde quero chegar”. A partir daí, é preciso estar atento ao mundo, porque uma decisão deflagra uma série de eventos inesperados.

Comprometa-se com a sua decisão – seja ela no campo afetivo, profissional ou espiritual; tudo que sua decisão precisa é sua vontade de seguir adiante. De resto, ela mesma lhe tomará pelas mãos, e lhe mostrará o melhor caminho.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A certeza, a escolha e a dúvida...

Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou:

- Existe Deus?- perguntou.
- Existe – respondeu Buda.
Depois do almoço aproximou-se outro homem.
- Existe Deus? – quis saber.
- Não, não existe – disse Buda.
No final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta:
- Existe Deus?
- Você terá que decidir – respondeu Buda.
Assim que o homem foi embora, um discípulo comentou revoltado:
- Mestre, que absurdo! Como o Senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta?
- Porque são pessoas diferentes, e cada uma chegará a Deus por seu próprio caminho. O primeiro acreditará em minha palavra. O segundo fará tudo para provar que eu estou errado. E o terceiro só acredita naquilo que é capaz de escolher por si mesmo.

Sobre o Destino...

A história faz parte de um conto de John O’Hara.

Um certo mercador persa pede ao seu servo que vá até o mercado comprar algumas peças de tecidos.

Ao chegar no mercado, o servo vê sua própria Morte fazendo algumas compras numa barraca próxima; apavorado, volta correndo até a casa do mercador. “Tenho que ir embora daqui”, diz, quase chorando.

“Vi minha Morte hoje de manhã, no mercado, e preciso fugir dela. Vou partir ainda hoje para Bokara, minha cidade”.

O mercador aceita o pedido do servo, mas fica desconfiado. Vai, então, até o mercado, encontra a Morte do servo. “Puxa, que susto você deu em meu empregado”, diz ele.

“Ele também me deu um susto”, responde a Morte. “Eu jamais esperava encontrá-lo por aqui – afinal de contas, tenho um encontro marcado com ele em Bokara, amanhã de manhã”.